sábado, 11 de julho de 2009

Um bunker para uma possível hecatombe



Caverna no Ártico vai guardar todas variedades de alimentos do mundo para o caso de uma catástrofe planetária


Rick Weiss
Um cofre de alta segurança medindo quase a metade de um campo de futebol americano (cerca de 45 metros x 24 metros), será escavado numa montanha numa ilha remota acima do Círculo Polar Ártico.


Se as cercas que estão sendo erguidas, os detectores de movimento e as portas de aço herméticas não forem suficientes para desestimular qualquer pessoa a violar o interior de concreto da instalação, os ursos polares que rondam do lado de fora deverão ajudar.


Os mais de 100 países que endossaram coletivamente a construção do cofre dizem que será o ambiente mais seguro de seu tipo no mundo. Diante do que está em jogo, dizem eles, nada menos do que isso resolveria.


Quais são seus preciosos conteúdos? Sementes - milhões e milhões delas - de virtualmente todas as variedades de alimentos existentes no planeta.


As sementes de plantio são a fonte de sustento dos seres humanos, o produto de 10 mil anos de reprodução seletiva que datam dos primórdios da agricultura.


O “cofre do juízo final” como alguns o estão chamando, é a cópia de segurança fundamental na eventualidade de uma catástrofe planetária - o lugar aonde ir se a Terra for atingida por um asteróide, se houver um holocausto nuclear ou uma guerra biológica, para que a humanidade não precise começar de zero novamente.


Antes apenas um sonho - embora um sonho sombrio, atraente somente em comparação com o pesadelo que precederia seu uso - o armazém do planeta está prestes a se transformar numa realidade.


Ontem, no árido posto avançado norueguês de Svalbard, os primeiros-ministros de cinco países e um pequeno grupo de funcionários de alto escalão lançaram a pedra fundamental do que será, de fato, o Forte Knox (a zona de segurança máxima usada para guardar as reservas de ouro dos EUA) das sementes.


“Teremos a base biológica de toda a agricultura que realmente tem alguma relevância”, disse Cary Fowler, secretário-executivo da Global Crop Diversity Trust (Fundo de Diversidade de Lavoura Global), a organização internacional que está coordenando a criação do cofre juntamente com o governo da Noruega. “É uma realização espetacular, e será a mais segura que os seres humanos são capazes de fazer.”


Se o progresso continuar durante a curta estação de construção deste verão e do próximo, a caverna de alta tecnologia começará a aceitar depósitos de pequenos bancos de sementes e de organizações agrícolas e científicas na primavera de 2007, segundo os termos de um tratado internacional que entrou em vigor há dois anos.


Depois, a porta será fechada. E o Cofre Internacional de Sementes de Savalbard entrará em hibernação - um plano para garantir a sobrevivência da civilização humana.


Os cientistas calculam que existam 2 milhões de variedades de plantas usadas para alimentação e forragem hoje em dia. Isso inclui 100 mil variedades de arroz, o mais usado alimento da dieta humana, e mais de mil espécies de banana, uma fruta nutritiva de importância global.


As sementes dessas culturas, que podem ser menores que sementes de papoula ou tão grandes quanto cocos, são repositórios de valor inestimável do DNA das plantas. São a matéria-prima que os agricultores e pesquisadores usam para desenvolver plantas mais produtivas e nutritivas capazes de suportar alterações climáticas, novas doenças ou pragas.