domingo, 21 de junho de 2009

O Reino de Cristo: São Papías e Pe Lacunza, S.J.

Cristo Rei


São Papias


Pe Manuel Lacunza, S. J.



Muita tinta tem-se derramado sobre o fato de São Papías ter tido contato direto com o Apóstolo São João, o escritor do Apocalipse. É bem provável que o testemunho de Santo Irineu de Lião sobre isso seja fidedigno. A Catholic Encyclopedia também defende que Papías foi discípulo do autor do Apocalipse e declara:



O Bispo Pápias de Hierápolis, discípulo de S. João,
surgiu como defensor do milenarismo. Ele afirmava que recebera a sua doutrina de
contemporâneos dos Apóstolos, e Irineu conta que outros ‘Presbíteros’, que
haviam visto e ouvido o discípulo João, aprenderam dele a crença no milenarismo
como parte da doutrina do Senhor. Segundo Eusébio
[1], Papias, em seu livro, asseverou que a
ressurreição dos mortos seria seguida de mil anos de um reino visível, glorioso
e terrestre de Cristo.”

Também São Justino, nascido na Palestina, que sofreu o martírio em Roma por volta de 165, Santo Irineu, bispo de Lião, que morreu em 202, Tertuliano, que morreu em 222, e o grande escritor Lactâncio, se encontram na lista daqueles que assim pensavam e ensinavam. Eles, se não tiveram contato direto com os apóstolos, foram contemporâneos aos mesmos e conviveram certamente com outros que tiveram contato com os primeiro escolhidos do Senhor, como é o caso de Papías.


O próprio São Pedro, primeiro pastor supremo, fala de um novo céu e de uma nova terra. Os elementos abrasados se dissolverão e tudo o que existe dará lugar a estes novos céus e terra. O Ap. 20 é muito claro. Façamos antes algumas considerações.


A obra "La venida del Messias en gloria y Majestad" , do Pe Manuel Lacunza, pode colocar lume em nossa forma de ver as coisas. Por ela podemos perceber que um dos maiores males que grassam já de longo data no mundo católico, está firmado numa certa negligência e indiferença no que se refere ao estudo da Divina Escritura. Se os fariseus e escribas tivessem sido diligentes no estudo das profecias, certamente não teriam rejeitado a Nosso Senhor Jesus Cristo. Atualmente, nos meios cristãos, também está a ocorrer a mesma coisa: partes importantes da Revelação sobre a vinda gloriosa de Cristo são omitidas ou simplesmente reduzidas ao âmbito do alegorismo. Como diz Lacunza, "já temos regras próprias para não entender jamais o que lemos na Escritura." Foi daí que surgiram as grandes heresias, dos alegorismos.


Ora, quando vemos as Testemunhas de Jeová negando a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e uma série de outras verdades, inclusive a da existência da Inferno, o que podemos pensar? A culpa seria da Escritura? Seria a Escritura tão ambígua para dar margem a tantas interpretações errôneas? Evidentemente, não! Quando lemos no Evangelho de São João que "No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus" e que "o Verbo se fez carne e habitou entre nós" não temos motivo algum para duvidar que Cristo é Deus encarnado. Mas por que as Testemunhas de Jeová não crêem nisso? A resposta funda-se primeiramente no fato de serem orgulhosos e não poderem, portanto, conceber o Mistério da Santíssima Trindade. Por isso eles criaram uma interpretação alegórica desta passagem tão clara da Escritura. Por que os protestantes não aceitam o fato de Nosso Senhor Jesus Cristo estar realmente presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade nas espécies consagradas do pão e do vinho? Pelo mesmo fato de interpretarem alegoricamente as palavras de Nosso Senhor. Por que motivo os "teólogos" como Ratzinger e outros insistem em aliar o Darwinismo à Criação, sendo que estes são diametralmente opostos? Igualmente pelo mesmo fato de insistirem no alegorismo. Ah, dizem eles, a ciência já muito avançou, portanto, não é possível crer que Deus tenha, literalmente, feito o homem, este deve ser fruto de uma série de processos evolutivos fomentados pelo próprio Deus (para não parecer ateísmo) que teria infundido a potência evolutiva na matéria inerte. Pode, contudo, a matéria gerar a inteligência (razão) e, portanto, a alma? Gozam os homens de maior credibilidade que Deus? Não analisaram estes homens orgulhosos que tudo o que Deus disse por meio de Sua Santa Palavra cumpriu-se e está a se cumprir literalmente? Com estes alegorismos a Sagrada Escritura passou a ser um livro de enigmas. Evidentemente, na Escritura há algumas passagens difíceis, (não impossíveis!) de se entender, por isso o Apóstolo São Pedro reprova não as passagens, mas aos ignorantes e vacilantes que as torcem, como fazem com as demais Escrituras, para a própria perdição. (II Pd 3, 16) Vejamos, amados irmãos, como temos que defender não somente a inerrância, mas também a objetividade das Sagradas Escrituras, mesmo quando as mesmas encerram algumas passagens difíceis. Outro ponto importante a ser esclarecido é o referente ao Magistério solene dos Papas e bispos fiéis reunidos nos Concílios. Quando a Igreja congregada no Espírito Santo proclamou solenemente verdades tão importantes da nossa Fé, na maioria dos Santos Concílios (Divindade de Cristo, por exemplo), a mesma nunca acrescentou nada à Revelação, mas apenas tinha como objetivo central o combate às heresias que se levantavam para confundir:


*Nicéia I – combateu o arianismo;
*Constantinopla I – combateu o macedonismo;
*Éfeso – combateu o nestorianismo e o pelagianismo (que vive até hoje);
*Calcedônia – combateu o eutioquismo;
*Constantinopla II – renovou a condenação do nestorianismo e condenou o origianismo;
*Constantinopla III – condenou o monotelismo;
*Nicéia II – condenou os iconoclastas;
*Constantinopla IV – condenou Fócio;
*Latrão I – condenou a Simonia e as investiduras leigas;
*Latrão II – condenou o cisma de Anacleto;
*Latrão III – condenou os albigenses;
*Latrão IV – condenou os albigenses e os valdenses;
*Constança – condenou o Concílio de Piza;
*Trento – condenou o protestantismo.

Temos que dar a devida atenção a este ponto porque, às vezes, tem-se a impressão de que a igreja afirmou tais coisas pelo fato de as Escrituras não terem sido suficientemente claras em si mesmas, o que não é verdade. Donde vemos que o Magistério não completa a Revelação, como se faltasse algo à mesma, mas somente a confirma e ensina. Recentemente, vi um teólogo dizendo algumas besteiras na televisão: “para os protestantes a Revelação encerrou-se com a Bíblia, para nós ela continua até hoje, através dos Concílios...” Tal afirmação não procede! (O teólogo ainda por cima teve a coragem de dizer que o Vaticano II faz parte da Revelação! Ora, este mesmo Concílio disse que a Revelação de Cristo encerrou-se na cruz! O que também não é verdade.)


A Igreja nos Concílios sempre tinha em vista, quando proclamava os dogmas, combater e refutar os heréticos que criavam confusões cheias de sofismas utilizando-se das próprias Escrituras. O problema não estava nas Escrituras, mas sim nos heréticos que as deturpavam. Então, a Igreja, para o bem dos fiéis, confirmava solenemente aquilo que sempre fora crido universalmente (TRADIÇÃO DIVINA) para a humilhação daqueles vacilantes de que falava o Apóstolo São Pedro.

É preciso reconhecer, no entanto, que há elementos, principalmente no contexto da escatologia, que a Santa Igreja recebeu - porque a Revelação dada é plena -, mas que ainda não foram explicitados, ou melhor, não tomaram o seu significado verdadeiro no entendimento dos fiéis. Havia, nos primeiros séculos, outros temas que, contudo, eram mais principais e urgentes para a salvação dos fiéis (profissão de Fé e sacramentos, por exemplo) em tempos de heresias, estes receberam o seu sentido real como deve ser perpetuamente mantido e entendido, senão, de outra forma, os fiéis se perderiam com significados múltiplos, como acontece nas seitas protestantes. A questão magna é: até que ponto os santos padres, principalmente os posteriores ao IV século, teriam a clareza devida do que vivemos hoje, neste tempo tão singular da história da humanidade? Não foi um grande perigo para a teologia este distanciamento do sentido intrínseco da Escritura? Podemos atualmente, contudo, enxergar os sentidos das profecias muito melhor, pois estamos mais próximos do cumprimento das mesmas, aliás, estamos vendo o seu cumprimento.Temos que compreender igualmente que há alguns critérios a seguir para não cairmos no livre exame das Escrituras, indo, possivelmente, contra coisas já definidas solenemente pela Igreja:


1º Critério: Que a passagem que se lê, ou melhor, que se interpreta, não pertença imediatamente à substância da Religião ou aos dogmas universais da Igreja, como também à moral. Sobre isso disse a Sessão IV do Concílio de Trento: "em coisas pertencentes à Fé e aos costumes que visam a propagação da Doutrina Cristã, violentando a Sagrada Escritura pra apoiar os seus ditames contra o sentido já dado pela Santa Mãe a Igreja, à qual privativamente cabe determinar o verdadeiro sentido e interpretação das sagradas letras; nem tão pouco contra o unânime consentimento dos padres."


2º Critério: Que a inteligência da passagem que se interpreta seja, por parte dos santos padres, de mera suspeita ou conjectura, não havendo, portanto, consenso unânime ou verdade declarada como de Fé.


3º Critério: Que aquele ponto que se interpreta não tenha sido tratado de propósito determinado pelos santos padres, de maneira que os mesmos tivessem provado, determinado e resolvido tal passagem como verdade e tendo tido o contrário por erro. Que a passagem interpretada tenha sido apenas tratada incidentemente em algum sermão ou homilia, não de maneira determinada e unânime.Seguindo estes critérios, podemos estudar confiantemente as Sagradas Escrituras, principalmente no que se refere à Escatologia ( a Parusia, a Ressurreição e o Reinado de Cristo, etc.), pois boa parte desta temática não pertence imediatamente ao dogma e à moral, e os antigos não a trataram com propósito determinado, além do que não há um consentimento unânime dos santos padres sobre isso.Sobre o Reinado de Cristo pudemos ver que é uma questão aberta na Igreja. Muitos, no entanto, pensam o contrário, pensam que a Igreja condenou o reinado em si. Estudando melhor a história i fiel poderá perceber que a crença no reinado de Cristo era um sentimento comum em muitos varões eclesiásticos e mártires, segundo as palavras do próprio São Jerônimo. Um erudito da atualidade, Dr. Homero Johas, assegura que realmente não há nenhuma condenação da Igreja em relação a isso. É, portanto, matéria livre.


Todavia, correm, hoje, os católicos o mesmo risco que os judeus da época de Nosso Senhor Jesus Cristo. Eles abraçaram a um sistema geral de concepções errôneas sobre as Escrituras, e se acomodaram ao mesmo deixando as Escrituras em si. Hoje também existe um sistema de idéias arbitrárias nos meios católicos no que é referente à Vinda Gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao que a antecede e ao que a sucederá. Naquilo que se ensina ainda faltam muitas coisas substanciais e que estão fora do seu legítimo lugar. Vejamos então um pequeno resumo daquilo que deveria ser ensinado: Nosso Senhor virá do céu à terra, acompanhado dos seus anjos e santos já ressuscitados. Virá para julgar os vivos e os mortos, e isso em dois juízos diversos no modo e no tempo. Deve, portanto, haver um espaço de tempo considerável entre a Vinda do Senhor e o Juízo dos mortos, ou ressurreição universal.Em relação ao milênio, há três grupos, os dois primeiros a Igreja condenou, não por causa do milênio, mas por causa das interpretações errôneas que aqueles faziam do mesmo:

I. Os herejes: colocavam nestas coisas a bem aventurança do homem. Reino de prazeres carnais. (Cerinto)


II. Os rabinos e judaizantes: No reinado de Cristo todos os homens serão obrigados a cunmprir a lei mosaica (circuncisão). Primazia judaica sobre o mundo. Dentre eles fez parte um bispo africano chamado Nepos.


III. Os católicos pios: uma multidão de santos e mártires, entre eles São Justino, Santo Irineu e São Papías que era amigo do apóstolo São João, com quem conversou diversas vezes. Cristo virá e reinará na terra por mil anos, os fiéis gozarão de delícias espirituais pela presença do senhor e no fim haverá uma prova final: satanás será solto. Após isso se dará o juízo final. Sobre eles disse Lactâncio: "esta é a doutrina dos santos, dos padres, dos profetas, é a que seguimos os cristãos."


O milênio católico, pela propagação dos primeiros mártires e pelo sentido intrínseco das Escrituras, é tão certo quanto o ar que respiramos. No entanto como será a vivência do mesmo isso só saberemos se cehgarmos lá. Que os adversários do reino de Cristo pensem bem para não jogarem ao chão a criança junto com a água suja.


A.M.D.G.V.M.


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*Ainda que seja verdadeiro o que disse Eusébio sobre Papías ter tido contato com um outro João (não o evangelista) podemos constatar que era um pensamento unânime em meio aos Padres Apostólicos a crença no reino milenar de Cristo.

Um comentário:

  1. Creio que Cristo Reinará por Mil Anos literalmente.Depois existirá um Novo Céu e uma Nova onde Cristo Gorvenará para sempre.

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