domingo, 26 de abril de 2009

Parusia, o que é?



Parusia, 1

Escatologia: Do grego éskata (coisas últimas) e logos (conhecimento): estuda o que, pela Revelação, sabemos acerca do que existe após o fim da vida terrena.

Pode dividir-se em três partes:


§ Escatologia Universal: vinda gloriosa de Cristo no fim do mundo e plenitude do Reino de Deus;
§ Escatologia Individual: morte de cada ser humano e seu destino eterno;
§ Escatologia Intermédia: abarca desde a morte de cada pessoa até à sua ressurreição no último dia.

Parusia, 2

Parusia: Em grego significa presença ou vinda.

Em teologia significa a vinda gloriosa de Cristo no final dos tempos.

§ AT: Deus volta repetidas vezes ao seu povo. Assim vai nascendo a esperança de uma vinda futura de Deus (“dia de Yahvé”).
§ Daniel: a vinda do Filho do Homem sobre as nuvens do céu a quem o “Ancião dos dias” faz rei universal.

Parusia, 3

§ NT: toda a pregação de Jesus se centra na chegada do Reino de Deus eterno e universal. Jesus promete também aos seus uma segunda vinda (Jo 14, 3): “Depois que Eu tiver ido e vos tiver preparado um lugar, virei novamente…”). Anuncia-a ante a suprema autoridade religiosa de Israel (cfr. Mc 14, 62). Será uma manifestação gloriosa de Cristo.

Parusia, 4

§ A espera de Nosso Senhor não supõe uma fuga ou desprezo pelas realidades nobres desta vida: família, trabalho, relações sociais..., mas um estímulo poderoso para enfrentar essas tarefas com amor, conscientes de que, à sua volta, Cristo nos examinará sobre o amor, a seriedade e competência com que teremos empregado os talentos recebidos.

Parusia, 5

§ 2 Tes 3, 10: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma”.
§ 2 Ped 3, 8: “Há, porém, uma coisa, caríssimos, que não deveis ignorar: é que um dia diante do Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia”.

Parusia, 6

§ A segunda vinda de Cristo será dará numa entrada neste mundo com o esplendor da Sua glória, acompanhado de todo o Seu séquito celestial.
§ Não se sabe o dia nem a hora do fim dos tempos. Sabemos que não consistirá numa aniquilação, mas numa transformação.
§ 2 Ped 3, 10-13: “os céus passarão com grande estrondo, os elementos com o calor dissolver-se-ão, e a terra, com as obras que há nela, será consumida... Realmente esperamos, segundo a Sua promessa, céus novos e uma nova terra, onde habite a justiça”.

Parusia, 7

A Revelação não esclarece a data da vinda de Cristo, mas fala de sinais que a precederão:

§ A pregação do Evangelho em todo o mundo (Mt 24);
§ A grande apostasia (IITess 2, 3-12), iniciada com a ascenção de Ângelo Roncalli e com o Vaticano II;
§ As penalidades da Igreja (Ap 12: luta do dragão com a mulher do céu);
§ O caos da criação (branco, vitória de Cristo na sua Paixão e Ressurreição; vermelho, ódio e guerras; negro, fome; cadavérico, morte);
§ A conversão dos judeus (Rom 11, 29).
§ Estes sinais são um chamamento à vigilância.

12 comentários:

  1. Adveniat Regnum Tuum!

    Caríssimo Fernando,

    Trago as seguintes citações: (Parusia, 6)

    "§ Não se sabe o dia nem a hora do fim do mundo. Sabemos que não consistirá numa aniquilação, mas numa transformação."

    "§ 2 Ped 3, 10-13: “os céus passarão com grande estrondo, os elementos com o calor dissolver-se-ão, e a terra, com as obras que há nela, será consumida..."

    Considerando as citações, em que se baseia a afirmação: "Sabemos que não consistirá numa aniquilação, mas numa transformação." ?

    Em Cristo,
    Pedro.

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  2. ART!


    Estimado em Cristo, Fernando,

    Sobre a pergunta: "QUAL DESTES SANTOS ERA AMIGO DE SÃO JOÃO EVANGELISTA E QUE ACREDITAVA NO REINADO DE CRISTO NOS MIL ANOS, CONFORME AP 20?"

    As opções são: São Papías, Santo Agostinho, São Jerônimo ou Santo Isidoro.

    Respondi São Papías.

    Porém, no site (http://cocp.veritatis.com.br/index.php/fragmentos-da-obra-de-papias-de-hierapolis/) diz que "Papias foi discípulo do presbítero João de Éfeso, figura que se confunde com o apóstolo João." Podes verificar isso?


    Em Cristo,
    Pedro.

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  3. Caríssimo Pedro, laudetur Iesus Christus!
    Muito obrigado pelas excelentes colocações.
    Recomendo-lhe que leia a obra do jesuíta Menuel Lacunza"La venida del Messias en gloria y Majestad", pois a mesma lhe fornecerá todos os argumentos necessários para a defesa do Reino de Cristo tão acreditado pelos santos padres até o IV século. Evidentemente, temos também o testemunho atual de São Luís Maria de Montfort que acreditava no Reino de Maria, ou seja, Reino de Maria é igual a Reino de Cristo.
    Por meio dela Ele reinará no mundo, para dar continuidade ao que foi interrompido pelo pecado.

    Em relação a Papías creio que o testemunho de Santo Irineu de Lião é fidedigno. A Enciclópedia Católica também defende que Papías foi discípulo do autor do Apocalipse.
    The Catholic Encyclopedia declara: “O Bispo Pápias de Hierápolis, discípulo de S. João, surgiu como defensor do milenarismo. Ele afirmava que recebera a sua doutrina de contemporâneos dos Apóstolos, e Irineu conta que outros ‘Presbíteros’, que haviam visto e ouvido o discípulo João, aprenderam dele a crença no milenarismo como parte da doutrina do Senhor. Segundo Eusébio, Papias, em seu livro, asseverou que a ressurreição dos mortos seria seguida de mil anos de um reino visível, glorioso e terrestre de Cristo.” Ainda que seja verdadeiro o que disse Eusébio, podemos constatar que era um pensamento unânime em meio aos primeiros santos padres a crença no reino milenar de Cristo.

    São Justino, nascido na Palestina, que sofreu o martírio em Roma por volta de 165, Santo Irineu, bispo de Lião, que morreu em 202, Tertuliano, que morreu em 222, e o grande escritor Lactâncio, se encontram na lista daqueles que assim pensavam e ensinavam. Eles, se não conheceram, foram contemporâneos aos mesmos, como é o caso de Papías.

    São Pedro fala de um novo céu e de uma nova terra. Os elementos abrasados se dissolverão e tudo o que existe dará lugar a estes novos céus e terra. O Ap. 20 é muito claro. Façamos antes algumas considerações.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. "Bendito seja o Messias, Aquele que virá em Glória e Majestade!"

    Plecaríssimo amigo,

    Após muito tempo, tive a oportunidade de imprimir uma parte da obra de Lacunza, o Tomo I. Desde então, venho estudando as posições do mesmo.

    "La venida del Messias en gloria y Majestad" colocou lume na minha forma de ver as coisas. Pude então perceber que um dos maiores males que grassam hoje no mundo católico está firmado numa certa negligência do estudo da Sagrada Escritura. Se os fariseus e escribas tivessem sido diligentes no estudo das profecias, certamente não teriam rejeitado a Nosso Senhor Jesus Christo. Atualmente, nos meios cristãos, também está a ocorrer a mesma coisa: partes importantes da Revelação sobre a vinda gloriosa de Cristo são omitidas ou simplesmente reduzidas ao âmbito do alegorismo. Como diz Lacunza, "já temos regras próprias para não entender jamais o que lemos na Escritura." Foi daí que surgiram as grandes heresias, dos alegorismos. Ora, quando vemos as Testemunhas de Jeová negando a divindade de Nosso Senhor Jesus Christo e uma série de outras verdades, inclusive a da existência da Inferno, o que podemos pensar? A culpa seria da Escritura? Seria a Escritura tão ambígua para dar margem a tantas interpretações errôneas? Evidentemente que não! Quando lemos no Evangelho de São João que "No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus" e que "o Verbo se fez carne e habitou entre nós" não temos motivo algum para duvidar que Cristo é Deus encarnado. Mas porque as Testemunhas de Jeová não crêem nisso? A resposta funda-se primeiramente no fato de serem orgulhosos e não poderem, portanto, conceber o Mistério da Santíssima Trindade. Por isso eles criaram uma interpretação alegórica desta passagem tão clara da Escritura. Por que os protestantes não aceitam o fato de Nosso Senhor Jesus Christo estar presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade nas espécies consagradas do pão e do vinho? Pelo mesmo fato de interpretarem alegoricamente as palavras de Nosso Senhor. Por que motivo os "teólogos" como Ratzinger e outros insistem em aliar o Darwinismo à Criação, sendo que estes são diametralmente opostos? Igualmente pelo mesmo fato de insistirem no alegorismo. Ah, dizem eles, a ciência já muito avançou, portanto, não é possível crer que Deus tenha, literalmente, feito o homem, este deve ser fruto de uma série de processos evolutivos fomentados pelo próprio Deus (para não parecer ateísmo) que teria infundido a potência evolutiva na matéria inerte. Pode, contudo, a matéria gerar a inteligência (razão) e, portanto, a alma? Gozam os homens de maior credibilidade do que Deus? Não analisaram estes homens orgulhosos que tudo o que Deus disse por meio de Sua Santa Palavra cumpriu-se e está a se cumprir literalmente? Com estes alegorismos a Sagrada Escritura passou a ser um livro de enigmas. Evidentemente, na Escritura há algumas passagens difíceis, (não impossíveis!) de se entender, por isso a Apóstolo São Pedro reprova não as passagens, mas aos ignorantes e vacilantes que as torcem, como fazem com as demais Escrituras, para a própria perdição. (II Pd 3, 16) Veja, amado irmão, como temos que defender não somente a inerrância, mas também a objetividade das Sagradas Escrituras, mesmo quando as mesmas encerram algumas passagens difíceis.

    Outro ponto importante a ser esclarecido é o referente ao Magistério solene dos papas e bispos fiéis reunidos nos Concílios. Quando a Igreja congregada no Espírito Santo proclamou solenemente verdades tão importantes da nossa Fé, nos Santos Concílios (Divindade de Cristo, por exemplo), a mesma nunca acrescentou nada à Revelação, mas apenas tinha como objetivo central o combate às heresias que se levantavam para confundir:

    *Nicéia I – combateu o arianismo;
    *Constantinopla I – combateu o macedonismo;
    *Éfeso – combateu o nestorianismo e o pelagianismo (que vive até hoje);
    *Calcedônia – combateu o eutioquismo;
    *Constantinopla II – renovou a condenação do nestorianismo e condenou o origianismo;
    *Constantinopla III – condenou o monotelismo;
    *Nicéia II – condenou os iconoclastas;
    *Constantinopla IV – condenou Fócio;
    *Latrão I – condenou a Simonia e as investiduras leigas;
    *Latrão II – condenou o cisma de Anacleto;
    *Latrão III – condenou os albigenses;
    *Latrão IV – condenou os albigenses e os valdenses;
    *Constança – condenou o Concílio de Piza;
    *Trento – condenou o protestantismo.

    Escrevo isso porque, às vezes, tem-se a impressão de que a igreja afirmou tais coisas pelo fato de as Escrituras não terem sido suficientemente claras em si mesmas, o que não é verdade. Donde vemos que o Magistério não completa a Revelação, como se faltasse algo à mesma, mas somente a confirma e ensina. Recentemente, vi um teólogo dizendo algumas besteiras na televisão: “para os protestantes a Revelação encerrou-se com a Bíblia, para nós ela continua até hoje, através dos Concílios...” Isso não é verdade! (O teólogo ainda por cima teve a coragem de dizer que o Vaticano II faz parte da Revelação! Ora, este mesmo Concílio disse que a Revelação de Cristo encerrou-se na cruz! O que também não é verdade.) A Igreja nos Concílios sempre tinha em vista, quando proclamava os dogmas, combater e refutar os heréticos que criavam confusões cheias de sofismas utilizando-se das próprias Escrituras. O problema não estava nas Escrituras, mas sim nos heréticos que as deturpavam. Então, a Igreja, para o bem dos fiéis, confirmava solenemente aquilo que sempre fora crido universalmente (TRADIÇÃO DIVINA) para a humilhação daqueles vacilantes de que falava o Apóstolo São Pedro. É preciso reconhecer, no entanto, que há elementos, principalmente no contexto da escatologia, que a Santa Igreja recebeu - porque a Revelação dada é plena -, mas que ainda não foram explicitados, ou melhor, não tomaram o seu significado verdadeiro na mente dos fiéis. Havia, nos primeiros séculos, outros temas que, contudo, eram mais principais e urgentes para a salvação dos fiéis (profissão de Fé e sacramentos, por exemplo) em tempos de heresias, estes receberam o seu sentido real como deve ser perpetuamente mantido e entendido, senão, de outra forma, os fiéis se perderiam com significados múltiplos, como acontece nas seitas protestantes. A questão magna é: até que ponto os santos padres, principalmente os posteriores ao IV século, teriam a clareza devida do que vivemos hoje, neste tempo tão singular da história da humanidade? Não foi um grande perigo para a teologia este distanciamento do sentido intrínseco da Escritura? Podemos hoje enxergar os sentidos das profecias muito melhor, pois estamos mais próximos do cumprimento das mesmas, aliás, estamos vendo o cumprimento delas.

    Pude compreender também que há alguns critérios a seguir, para não cairmos no livre exame das Escrituras, indo, possivelmente, contra coisas já definidas pela Igreja:

    1º Critério: Que a passagem que se lê, ou melhor, que se interpreta, não pertença imediatamente à substância da Religião ou aos dogmas universais da Igreja, como também à moral. Sobre isso disse a Sessão IV do Concílio de Trento: "em coisas pertencentes à Fé e aos costumes que visam a propagação da Doutrina Cristã, violentando a Sagrada Escritura pra apoiar os seus ditames contra o sentido já dado pela Santa Mãe a Igreja, à qual privativamente cabe determinar o verdadeiro sentido e interpretação das sagradas letras; nem tão pouco contra o unânime consentimento dos padres."
    2º Critério: Que a inteligência da passagem que se interpreta seja, por parte dos santos padres, de mera suspeita ou conjectura, não havendo, portanto, consenso unânime ou verdade declarada como de Fé.
    3º Critério: Que aquele ponto que se interpreta não tenha sido tratado de propósito determinado pelos santos padres, de maneira que os mesmos tivessem provado, determinado e resolvido tal passagem como verdade e tendo tido o contrário por erro. Que a passagem interpretada tenha sido apenas tratada incidentemente em algum sermão ou homilia, não de maneira determinada e unânime.

    Seguindo estes critérios, podemos estudar confiantemente as Sagradas Escrituras, principalmente no que se refere à Escatologia ( a parusia, a ressurreição e o reinado de Cristo, etc.), pois boa parte desta temática não pertence imediatamente ao dogma e à moral, e os antigos não a trataram com propósito determinado, além do que não há um consentimento unânime dos santos padres sobre isso.

    Sobre o reinado de Cristo pude ver que é uma questão aberta na Igreja. Até então eu pensava o contrário, pensava que a Igreja tinha condenado o reinado em si, mas, ao ler a obra de Lacunza, vi que este era um sentimento comum em muitos varões eclesiásticos e mártires, segundo as palavras do próprio São Jerônimo. Conversei também com o Dr. Homero sobre isso e ele me disse que realmente não há nenhuma condenação da Igreja em relação a isso.
    Corremos hoje o mesmo risco que os judeus da época de Nosso Senhor Jesus Christo. Eles abraçaram a um sistema geral de concepções errôneas sobre as Escrituras, e se acomodaram ao mesmo deixando as Escrituras mesmas. Hoje também existe um sistema de idéias arbitrárias nos meios católicos em relação à Vinda Gloriosa de Nosso Senhor Jesus Christo, ao que a antecede e ao que sucederá.

    Naquilo que se ensina hoje ainda faltam muitas coisas substanciais e que estão fora do seu legítimo lugar.


    Vejamos então: Nosso Senhor virá do céu à terra, acompanhado dos seus anjos e santos já ressucitados. Virá para julgar os vivos e os mortos, e isso em dois juízos diversos no modo e no tempo. Deve, portanto, haver um espaço de tempo considerável entre a Vinda do Senhor e o Juízo dos mortos, ou ressurreição universal.

    Em relação ao milênio há três grupos, os dois primeiros a Igreja condenou, não por causa do milênio, mas por causa das interpretações errôneas que aqueles faziam do mesmo:

    I. Os herejes: colocavam nestas coisas a bem aventurança do homem. Reino de prazeres carnais. (Cerinto)
    II. Os rabinos e judaizantes: No reinado de Cristo todos os homens serão obrigados a cunmprir a lei mosaica (circuncisão). Primazia judaica sobre o mundo. Dentre eles fez parte um bispo africano chamado Nepos.
    III. Os católicos pios: uma multidão de santos e mártires, entre eles São Justino, Santo Irineu e São Papías que era amigo do apóstolo São João, com quem conversou diversas vezes. Cristo virá e reinará na terra por mil anos, os fiéis gozarão de delícias espirituais pela presença do senhor e no fim haverá uma prova final: satanás será solto. Após isso se dará o juízo final. Sobre eles disse Lactâncio: "esta é a doutrina dos santos, dos padres, dos profetas, é a que seguimos os cristãos."
    Ainda estou lendo a obra, mas creio que me breve devo terminá-la.

    Haverá, contudo, pecadores no milênio? Essa resposta eu ainda não encontrei. Assim que encontrá-la, eu lhe comunico.

    In Xto et Matre,
    Fernando+

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  6. GOSTEI DEMAIS DO TEXTO, POIS COM ELE PUDE APRENDER, INCLUSIVE O SIGNIFICADO DE PARUSIA, QUE AQUI ESTÁ MUITO BEM ESCLARECIDO!

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  7. Espetacular, um estudo profundo sobre muitas duvidas na interpretação das Sagradas Escrituras, mas, precisamos avançar mais e aprofundar no significado de cada palavra, cada gesto que o Senhor nos deixou.

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  8. Quando Jesus diz que os ricos não entrarão no reino do Ceu ele não está sendo o primeiro comunista a negar a riqueza, a avareza o egoismo. Quando nega novamente o comercio religiosos afugentando os falsos sacerdotes não está sendo contrário a mercantilização da religião?

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  9. Caro Alcides, Salve Maria!

    Nós cristãos devemos ter em mente que a bem-aventurança da pobreza não está vinculada aos bens que uma pessoa possa ter ou não; mas à humildade que ela nutra em sua vida. Como bem ensinou o Doutor da Graça (Santo Agostinho): "Abraão foi um rico muito pobre porque foi humilde. Talvez tu sejas um pobre muito rico, porque és orgulhoso" [AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de, Na Escola dos Santos Doutores, 2a. edição, Editora Cleófas, Lorena-SP, 1996, p. 41].

    Deus é o Sumo Bem, nada pode ser colocado acima dEle.
    O que Cristo condena é a colocação da riqueza acima de Deus, acima da justiça. Ele condena ter a riqueza como fim e não como meio.
    Ser rico não é, portanto, de si, um mal.
    Nosso Senhor foi amigo de ricos e frequentou a casa deles. Por exemplo: Lázaro, homem rico, a quem Nosso Senhor ressuscitou.
    Há vários exemplos nas Sagradas Escrituras e na história que provam não ser a riqueza má em si mesma. Dessa forma, os Reis Magos trouxeram para o Menino Jesus ouro, incenso e mirra. Jó era muito rico e muito agradável a Deus. Vários santos foram ricos. Muitos, como são Luis, eram reis. Mesmos os pais de santa Teresinha, de grande virtude levavam uma vida com certa comodidade.
    Cristo olhou com predileção para o jovem rico, mesmo ele sendo rico. O erro do jovem foi justamente o de não querer deixar a riqueza para seguir ao chamado (a vocação) de Cristo. Observe bem as palavras de Nosso Senhor:

    “se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres, e terá um tesouro no céu; e depois vem e segue-me.“ (Mt. 19, 21).

    Nosso Senhor não diz, “se queres salvar sua alma, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres”. O que Ele disse foi:

    “se queres entrar na vida eterna guarda os mandamentos” (Mt. 19, 17).

    O conselho de perfeição (a pobreza) que Cristo deu aquele jovem não é condição para a salvação. Ninguém está obrigado a fazer em tudo o mais perfeito. Dessa forma, os conselhos evangélicos (pobreza, obediência e castidade), são conselhos, não preceitos.

    Claro que a riqueza tem seus perigos. E não são poucos. Cristo mesmo disse, no mesmo episódio do jovem rico, que “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, que entrar um rico no reino dos céus”. A riqueza é perigosa, pois ela facilmente inebria fazendo com que se lhe dedique e apegue o coração. É preciso, portanto, estar atento a este perigo. Um perigo que corre tanto o rico quanto o pobre, pois a Igreja sempre condenou o rico de espírito enquanto pregou a pobreza de espírito.

    Rico de espírito é aquele que tem o coração apegado aos bens materiais. Pode ser a pessoa mais pobre do mundo, se ela tem o coração apegado à riqueza, se ela quer a todo custo, mesmo contra a justiça, enriquecer, se deseja acima de tudo possuir dinheiro para ter prestígio, conforto ou – pior – acesso ao pecado, essa pessoa é rica de espírito e peca pelo apego que tem ao dinheiro, mesmo não o possuindo.

    Quanto ao fato de Nosso Senhor ter expulsado com chicote os vendilhões do templo, Ele com isso quis condenar a transformação do lugar sagrado num lugar de comércio. Evidentemente Cristo com esse gesto não quis condenar o comércio em si. E quem estava comercializando não eram os sacerdotes judeus, mas sim os comerciantes que estavam autorizados pelos sacerdotes a exercerem o comércio, naquele local sagrado. Obviamente que os sacerdotes que autorizaram ou faziam vistas grossas, agiram muito mal. E como seria diferente, se os próprios sacerdotes negaram a Nosso Senhor posteriormente, além de o condenarem.

    Espero ter contribuído para a solução de sua dúvida.

    O texto contém trechos de duas fontes:
    1. https://goo.gl/SoahOH
    2. https://goo.gl/T7XXs3

    Em Jesus e Maria,
    Pedro Henrique.




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